COPA: NEYMAR SENTE DOR NO PÉ DA FRATURA E OBRIGA TITE A REPENSAR A SELEÇÃO

“Neymar se queixou de dores no tornozelo, em decorrência do número de faltas sofridas (10)contra a Suíça. Como o treino era regenerativo para os titulares, foi encaminhado para a fisioterapia. Fica lá hoje (19/6) e amanhã (quarta-feira, 20/6) de manhã, treinando amanhã à tarde”, disse Rodrigo Lasmar, médico da Seleção Brasileira, minutos depois de o craque sair mancando na brincadeira de bobinho no campo de treino do Brasil nesta terça-feira à tarde em Sochi.

Lasmar em nenhum momento colocou um ponto de interrogação no futuro de Neymar nesta Copa da Rússia.

“A pancada foi no tornozelo e não no pé. Não foi no mesmo lugar. Não estamos preocupados, não há nada diferente. Na parte médica, ele está 100%, trata-se de recuperar a confiança”, havia dito Lasmar logo após o jogo contra Suíça

O médico da Seleção acompanha o caso desde março quando o craque fraturou o quinto metatarso do pé direito em jogo do PSG. Lasmar comandou a cirurgia de Neymar em Belo Horizonte, alguns dia depois do incidente na partida em Paris.

Participou de todo o processo de recuperação do jogador e entregou o craque aos preparadores físicos da Seleção no período de treinamentos do Brasil na Granja Comary, na última semana de maio.

Tite foi último a receber Neymar de volta, com garantias dos médicos e dos profissionais encarregados a deixar os jogadores em forma. Escalou o atacante em parte dos amistosos contra Croácia (03/6) e Áustria (10/6).

E não teve dúvida em mandar Neymar aos leões na estreia na Copa da Rússia diante da Suíça no domingo (17/6). Segurou seu principal jogador os 95 minutos (com acréscimos), mesmo o vendo sofrer uma bordoada atrás da outra – dez faltas – dos duros jogadores suíços. Um rodízio de pancadas.

“Ele se atira muito também. Das dez, sete ou oito não foram faltas. É preciso tentar parar o craque e ele é craque”, disse Gelson Fernandes, reserva da seleção suíça.

As palavras de Fernandes sugerem como vai ser a vida de Neymar nesta Copa. Todos adversários sabem que o pé direito do craque está vulnerável. Não há menor dúvida de que será castigado.

Tite também já tem ideia da enorme encrenca que caiu no seu colo. O que fazer com Neymar?

A primeira ideia seria tirar o craque do jogo contra a Costa Rica, um adversário em crise com a derrota na estreia, e usar apenas contra a Servia quando será decidida a classificação do Brasil às oitavas de final.

Neste momento a cautela deve falar mais alto. O problema é que a Seleção Brasileira está intimada a vencer a Costa Rica para continuar viva no Mundial. E Neymar pesa na balança.

“Não tenho nada a dizer, apenas tento jogar futebol. Fora isto, a questão é do juiz. Isto já vem acontecendo, os jogadores se alternam para fazer as faltas, mas a arbitragem não presta atenção”, reclamou Neymar na zona mista de entrevistas no estádio de Rostov Don, após empate com os suíços

Nesta quarta-feira (20/6) em Sochi Neymar não vai treinar. Ficará internado na sala de fisiologia aos cuidados do fisioterapeuta Bruno Mazziotti.

Enquanto Neymar trata da dor e projeta seu futuro na Copa, Tite comanda um treino secreto quando vai eleger o provável substituto do craque. As alternativas:

1 – Douglas Costa numa troca simples pelo craque.

2 – Renato Augusto, liberando Coutinho para exercer a função de Neymar.

3 – Roberto Firmino, como articulador e Coutinho executando mesmo papel que fez contra Suíça.

Seja qual for a decisão de Tite, o certo é que Neymar mexeu com os alicerces da Seleção Brasileira após a frustrante estreia na Copa da Rússia.

Neymar mesmo sentiu o golpe. Não conseguiu jogar o que pode e viu que seu figurino – cabelos tingidos de loiro e corte cracatoa – não agradou aos súditos.

A primeira providência foi desmanchar o penteado, baixar o topete. A segunda, ainda é uma incógnita e sem previsão de se resolver. Neymar está com dor.

Por Luiz Antonio Prosperi – Carta Capital

 

galego novo dez 17

A OUTRA COPA QUE O BRASIL PRECISA GANHAR

Copa do Mundo 2018
Um torcedor acompanha o jogo entre Brasil e Suíça. MARCELO CHELLO (EFE)

Sou dos que querem que o Brasil ganhe a Copa outra vez. Tenho certeza de que a maioria espera o mesmo, já que o que falta hoje a este país são motivos de alegria. Não acha, meu querido e genial Xico Sá? Mas gostaria que os brasileiros conquistassem também outra copa, a da tolerância, a de se sentirem orgulhosos de ter nascido aqui.

Desejo essa vitória social para que aqueles 60 milhões de brasileiros, na maioria jovens, que, de acordo com a última pesquisa do Datafolha, gostariam de deixar o país por falta de oportunidades, possam alcançar seus sonhos aqui sem necessidade de fugir. Sair livremente do próprio país, neste mundo de globalização, para enriquecer-se com novas experiências, é algo que não pode deixar de fascinar jovens brasileiros. Mas querer ir embora porque não encontram o indispensável necessário para se realizar aqui é um crime que deveria envergonhar aqueles que os governam. Ninguém abandona suas raízes sem dor.

Para devolver aos brasileiros a paixão por sua identidade, também temos de ganhar a Copa da confiança, aceitar as diferenças que nos dividem, porque seria utopia pretender que todos podemos pensar a vida da mesma forma. Cada um cresce com suas ideias e sua visão do mundo. Se todos pensássemos e amássemos igual, o mundo seria de uma monotonia avassaladora.

As guerras fratricidas, a vontade de pretender que todos pensem como nós, os rótulos colocados nos outros como estigmas de segregação nascem da incapacidade de reconhecer a originalidade do outro. A intolerância, as excomunhões e a soberba de se acreditar mago das receitas fáceis para conflitos complexos costumam acabar na porta do inferno, onde Dante Alighieri, na Divina Comédia, escreveu: “Deixai toda esperança, vós que entrais.”

Para o Brasil, país que adotei como meu com todos os seus defeitos e virtudes, desejo neste momento não só que ganhe a Copa do Mundo para que milhões possam viver um sopro de felicidade, mas também que essa vitória seja a antecipação de outra felicidade maior: a de voltar a ser um país com mais pessoas se respeitando do que se odiando. O Brasil só voltará a ser um país reconciliado consigo mesmo quando for capaz de recuperar a Copa de sua riqueza humana, aquela que os brasileiros aprenderam a levar sempre na mala pelo mundo afora. Aquele patrimônio da alma que fazia um amigo europeu dizer, sempre que encontrava um estrangeiro que o fascinava, “deve ser brasileiro”.

Meu desejo é que este volte a ser um país que, em um momento em que o mundo se vê tentado a erguer novos muros, desperte inveja por sua capacidade de integração, por sua arte em saber dialogar e agregar. Foi essa capacidade dos brasileiros de saber enriquecer tudo através da mistura que minha esposa, Roseana, brasileira, me explicou ao pousar aqui. Aprendi que, ao contrário de Espanha, onde as coisas se comem separadas, no Brasil é tudo misturado no mesmo prato. O Brasil é antigo e moderno porque é um amálgama de mil riquezas diferentes, físicas e espirituais, que dão forma e sabor a um novo conceito de humanidade. Tentar dividi-lo injetando os demônios do ódio de uns contra os outros é renegar tudo de melhor e mais cobiçado que possui.

Que 2018 seja lembrado como o ano em que o Brasil venceu duas copas juntas: uma nos estádios na Rússia e outra em outubro, aqui, nas urnas, quando decidirá o seu destino político, fonte hoje de insatisfação e, ao mesmo tempo, de esperança, uma palavra desprezada em nossos dias, quando se esquece que é o motor da existência. Por mais rico que seja um povo, sem esperança de algo melhor para todos, e não só para um punhado de privilegiados, restariam apenas o vazio e o medo. Restaria aquela porta desesperadora e fria do inferno da Divina Comédia de Dante. Por que não apostar na porta que nos conduzirá a uma nova era, em que poderemos viver juntos vitórias e derrotas, sem medo de nos olharmos nos olhos outra vez?

Por JUAN ARIAS – El País

galego novo dez 17

A RESSACA DE UMA OFENSA MACHISTA

Reprodução do vídeo dos brasileiros fazendo a 'brincadeira'.
Reprodução do vídeo dos brasileiros fazendo a ‘brincadeira’. REPRODUÇÃO

A atitude dos brasileiros que achavam que faziam uma brincadeira com uma mulher na Rússia, falando, em português, sobre a genitália dela sem que ela entendesse, causou reações para além do tribunal da internet. Em um vídeo, ao menos quatro brasileiros uniformizados cercam uma mulher – que seria uma repórter – e gritam repetidamente uma frase em alusão ao órgão sexual feminino. A mulher, que não entende português, apenas sorri um pouco constrangida e tenta repetir o que eles dizem (“boceta rosa”).

Rapidamente o vídeo viralizou. E não demorou para que parte de seus protagonistas fossem identificados. O primeiro foi Diego Valença Jatobá, advogado e ex-secretário de Turismo, Esporte e Cultura de Ipojuca, cidade pernambucana, a 50 quilômetros da capital, onde fica a praia de Porto de Galinhas, uma das mais famosas do Estado. Hoje, trabalha com a organização de eventos e shows no Recife e região. O segundo, é o tenente Eduardo Nunes, da Polícia Militar de Santa Catarina. O engenheiro civil Luciano Gil Mendes Coelho é o terceiro. De acordo com O Globo, Coelho foi preso em 2015 em uma operação da Polícia Federal que investigava o desvio de dinheiro público na Prefeitura de Araripina (PE), onde ele trabalhou na gestão de Alexandre Arraes (PSB).

Após o reconhecimento de parte dos envolvidos, a Polícia Militar de Santa Catarina confirmou que Nunes serve à corporação, afirmou que a atitude é “incompatível com a profissão”, e disse que abriria um processo administrativo disciplinar sobre o militar. Já em Pernambuco, a Assembleia Legislativa do Estado fez um ato de repúdio ao vídeo na segunda-feira. A OAB em Pernambuco, por sua vez, entrou com um pedido de análise de conduta no tribunal de ética e disciplina da Ordem contra Jatobá e afirmou estar tentando apurar a identidade dos demais. Além disso, publicou uma nota repudiando o fato.

A exposição desses brasileiros nas redes levou a uma investigação por parte da imprensa sobre a história deles. De acordo com o jornal O Globo, Jatobá foi condenado pelo Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE) por irregularidades na prestação de contas de 2012 do município, quando ele atuava na gestão do então prefeito Pedro Serafim (PDT). Ele também foi condenado por dever, segundo a Justiça, cerca de 37.500 reais de pensão alimentícia à ex-mulher, em um processo iniciado em 2014, segundo O Globo.

Os torcedores não imaginavam que a brincadeira poderia ir tão longe. Mas não por desconhecer o poder das redes. Jatobá, inclusive, já tinha um antecedente com a internet depois que uma foto em que ele aparece ostentando um maço de notas de dólares na mão se espalhou em 2013. Na época, como figura pública, teve que se explicar. Disse que estava em uma casa de câmbio, que o dinheiro não era dele, e que estava fazendo uma brincadeira com um amigo.

Por outro lado, a experiência dos torcedores mostrou, uma vez mais, que a reação feminina no Brasil é rápida e imediata no melhor estilo “mexeu com uma, mexeu com todas”, lema que marcou a primavera feminista em 2015. Milhares de brasileiras se identificaram com a moça que, ingenuamente, repetia a grosseria, e tomaram as redes com o repúdio à atitude.

Ver graça em cercar uma mulher e gritar “boceta rosa” sem que ela entenda do que se trata – e mesmo que ela entendesse – parece hoje uma atitude que se descolou da nova realidade brasileira e mundial. Empresas ou pessoas físicas que teimam em duvidar dessa resistência têm entrado numa longa fila de pedidos de desculpas públicas. “Não é engraçado. É machismo. Misoginia. E vergonha. Muita vergonha”, escreveu a atriz Leandra Leal em seu Instagram, ao reproduzir trecho do vídeo, para seus milhares de seguidores. “Parece que os rapazes do vídeo estão com medo de perder o emprego. É pra gente se solidarizar com o sofrimento deles? Ah, vão à merda”, escreveu a jornalista esportiva Milly Lacombe em sua conta no Twitter. Não à toa, o repúdio foi além do tribunal das redes sociais e não se limitou somente às mulheres.

Foi exatamente essa reação que aumentou a curiosidade sobre quem eram os torcedores e chegou-se à identificação, até agora, de três deles. Por ora, Jatobá e Nunes podem ser punidos como profissionais. E os demais torcedores só não correm o mesmo risco ainda porque, por enquanto, não foram identificados.

Por Marina Rossi – El País

galego novo dez 17

     

    TRADIÇÃO DA FIFA AMEAÇA SUCESSO DO VAR

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    A Copa está mostrando jogos emocionantes, mas um grande astro não está correspondendo.

    Anunciado como a novidade deste Mundial, a esperança de reduzir o impacto do apito no resultado, o VAR (árbitro assistente de vídeo, em tradução livre) vem tendo uma atuação irregular. Mas a responsabilidade é menos dele do que do técnico – o árbitro –, ou, melhor, de ter técnicos demais.

    Quando foi acionado, o VAR fez um gol atrás do outro. Três dos sete primeiros pênaltis anotados só foram vistos pelas câmeras. O problema é que, em alguns jogos, o árbitro barrou o jovem talento em favor de um veterano: o seu próprio olho.

    Um exemplo foi o gol da Suíça contra o Brasil. O árbitro mexicano poderia ter revisto o lance na TV e até ter mantido a decisão. Mas a sua recusa catapultou as críticas e fez até surgirem teorias conspiratórias –no Brasil, claro, afinal somos um pouco viciados nelas.

    A causa da irregularidade do VAR é a resistência da FIFA contra retirar qualquer farpa de poder dos árbitros. Já havia sido assim com os assistentes de linha de fundo – os tais adicionais. Eles eram quase párias em campo. Nem bandeirinha podiam ter. Sinalizavam girando o corpo pra lá e pra cá, num balé bizarro. Nesta Copa foram banidos – e no lance de Gabriel Jesus teriam sido muito úteis (ou não).

    No mundo da horizontalidade, das decisões colegiadas, a ideologia da arbitragem do futebol é a verticalização absoluta.

    O árbitro tem a última palavra em tudo. Não só marca os lances, distribui cartões, mas controla todos os aspectos do jogo. Isso inclui autorizar a entrada e saída em campo, controlar o relógio e até quando encerrar a partida. No VAR, não só pode recusar a opinião da equipe de vídeo, como nem mesmo precisa rever o lance.

    Nos outros esportes, não é assim.

    No basquete, para começar, há três árbitros, com igual poder. Além disso, a mesa controla o tempo, as substituições e o número de faltas. Na NBA há árbitro de vídeo. Suas funções vêm sendo aumentadas desde 2003. Hoje ele já pode ser acionado para verificar quase 90 tipos de situação. Em grande parte delas, a consulta é obrigatória.

    No futebol americano, há seis árbitros “assistentes”. Cada um tem uma função específica e tem um lenço (o equivalente à bandeirinha). Se alguém vê uma irregularidade, atira o lenço, e o jogo para. O árbitro ouve a explicação, e quase sempre segue a marcação. Quando é o caso, a ida ao árbitro de vídeo é obrigatória, mas a decisão é dele.

    No tênis e no vôlei, são os times ou jogadores que chamam a revisão da marcação. No tênis, a decisão digital é soberana. No vôlei, o árbitro é que decide se revê sua marcação. Mas ele não cuida de placar, posicionamento e substituições, funções da mesa.

    É claro que os esportes são diferentes no tipo de decisão, no contato físico, no número de atletas e no tamanho do campo. Mas a questão é de ideologia. Em todos os esportes, os árbitros têm responsabilidade e poder grandes. Mas só no futebol se espera que ele seja um super-homem. Antes do VAR, a última grande mudança na forma de apitar havia sido a introdução dos cartões, na Copa de 1970.

    Para que a arbitragem, como qualquer forma de gestão da Justiça, seja confiável, ela precisa ser previsível, e, portanto, padronizada. Isso implica reduzir o poder do árbitro. Mas a FIFA insiste em valorizar as diferenças de personalidade dos apitadores e dar liberdade a eles.

    Se essa mentalidade não mudar, o VAR corre o risco de ser um grande desperdício de esforço, dinheiro e esperança.

    Por Marcelo Damato – Folha

    galego novo dez 17

    CBF ERRA O PRÓPRIO NOME EM CARTA ENVIADA À FIFA PARA QUESTIONAR ARBITRAGEM

     

    carta gafe cbf

    Revoltada com a arbitragem na partida de estreia de Seleção contra a Suíça, a Confederação Brasileira de Futebol decidiu enviar um documento formal à FIFA questionando a atuação do árbitro mexicano Cesar Ramos. O problema é que a entidade cometeu uma pequena gafe no documento e acabou errando o próprio nome. Em vez de Confederação Brasileira de Futebol, a carta é assinada pela “Confederação Brasileira de Fitebol”.

    Na carta, enviada à Comissão de Arbitragem da FIFA, a CBF declara que considera estranho que Ramos não tenha nem solicitado a utilização do árbitro de vídeo no lance. Para a entidade, o protocolo para o uso do VAR não foi cumprido pelo juiz, seus assistentes e pelos árbitros de vídeo, sendo que o recurso já foi usado em diversas oportunidades em outras partidas do início desta edição da Copa do Mundo.

    Os brasileiros também reclamaram de um pênalti em Gabriel Jesus, que teria sido puxado por um zagueiro dentro da área, no segundo tempo. Mas o próprio técnico Tite entendeu ser sido este um lance interpretativo, assim como outros membros da sua comissão e até mesmo companheiros do atacante do Manchester City, que assegura ter sido derrubado no lance, quando o placar estava empatado em 1 a 1.

    Para os membros da CBF e da seleção, se os lances eram duvidosos, deveria ter ocorrido a consultar ao VAR, mesmo que o árbitro optasse por não marcar a falta em Miranda, principal alvo da reclamação da entidade, assim como o pênalti em Gabriel Jesus. Além disso, há dúvidas sobre como e se Ramos recebeu informações de que as duas jogadas reclamadas pela equipe nacional foram legais.

    Em seu comunicado, a CBF faz alguns questionamentos. A entidade pergunta se Valeri sugeriu ao árbitro principal se ele deveria revisar algum lance durante o jogo entre Brasil e Suíça, se Ramos pediu orientação dos responsáveis pelo VAR sobre alguma jogada e se houve qualquer tipo de comunicação entre eles.

    A decisão da CBF foi tomada após uma série de reuniões envolvendo membros da comissão técnica de Tite e da diretoria da confederação. A decisão, inclusive, vai em direção um pouco diferente da adotada pelo treinador na entrevista coletiva após o duelo com a Suíça no último domingo. O técnico reclamou do trabalho do árbitro mexicano, mas também declarou que a discussão não deveria ser expandida, até para não ser vista como uma tentativa de minimizar o resultado negativo da estreia brasileira na Copa do Mundo.

    Mais cedo, a FIFA avaliou como boa a atuação de Ramos, o que teria irritando ainda mais a cúpula da CBF. Essa defesa do trabalho do árbitro mexicano, inclusive, teria pesado na decisão da confederação de enviar o documento reclamando do trabalho do juiz no confronto que marcou a estreia do Brasil neste Mundial.

    Corrupção e gafe

    Nos bastidores, há o comentário que Tite quer depender o mínimo possível da força da CBF, depois de ex-dirigentes do órgão, como José Maria Marin e Marco Polo Del Nero, terem sido acusados de corrupção. Além disso, houve a gafe do coronel Antônio Carlos Nunes, atual presidente da entidade, na hora da escolha da sede da Copa de 2026. O Brasil se comprometeu a votar com a CONMEBOL pela tripla candidatura de México, Estados Unidos e Canadá. No entanto, achando que o voto era secreto, escolheu Marrocos. A escolha acabou sendo revelada e foi criada uma situação incômoda para o país.

    Estadão Conteúdo

    galego novo dez 17

    NEYMAR CONGELA SUA SAÍDA DO PSG

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    Neymar congelou seus planos de sair do PSG. Só depois de sua participação na Copa na Rússia é que ele vai decidir sobre a transferência para o Real Madrid neste verão. Segundo fontes próximas à Nike, principal parceiro comercial do jogador, seus assessores lhe recomendaram maior prudência para evitar uma depreciação no seu valor de imagem.

    Na segunda-feira 28 de maio, dois dias após a vitória do Real na final da Champions League em Kiev, um representante da NR Sports, empresa que gerencia os direitos de Neymar, contatou a multinacional Nike para suspender o desenvolvimento de um coleção de roupas da linha Neymar que seria vinculada a sua possível contratação pelo clube espanhol. O projeto de colocar nas lojas uma linha com designs especiais associados ao Real coincidindo com o dia de uma hipotética apresentação foi temporariamente suspensa. Desde fevereiro, quando a Nike confirmou que existiam contatos sérios entre o jogador e o clube, a empresa de vestuário montou uma equipe de designers para produzir os esboços.

    Fontes próximas à filial francesa da Nike afirmam que o pai do jogador, assessorado por sua equipe de especialistas em marketing, recomendou redobrar a prudência sobre a estratégia a ser seguida depois de o Real vencer sua quarta Champions em cinco anos. “Certamente Neymar duvida que seja uma boa hora para chegar ao Real depois de ser três vezes campeão da Champions”, observaram funcionários da Nike, “ele está pensando no assunto. Deve acreditar que agora tem muito a perder e pouco a ganhar. Espera que sua posição se consolide se ganharem a Copa do Mundo e, aí sim, poderia chegar ao Real em grande forma, sem tanta pressão.”

    Neymar estreou no domingo contra a Suíça em Rostov em um empate (1×1) que complica a situação do Brasil. Seus primeiros 15 minutos de jogo foram extraordinários. Depois começou a mostrar sinais de cansaço. Pessoas do entorno do PSG consultadas a respeito lembram que os médicos do clube francês avaliaram negativamente os exames do jogador em maio, quando ele retornou a Paris depois de dois meses de inatividade no Brasil. O jogador ficou em sua mansão no litoral fluminense para se recuperar da fratura no quinto metatarso do pé direito. Quando voltou, os médicos se surpreenderam ao constatar que estava quatro quilos acima do peso. Um desvio sem precedentes, sinal de que não havia se cuidado, já que se trata de um jogador que, na opinião dos endocrinologistas, queima calorias mesmo sentado no sofá.

    No campo, em Rostov, mostrou-se progressivamente pesado. Teve dificuldade para mudar de ritmo e de direção na velocidade usual, e isso o expôs a atritos com os rivais. A defesa que antes não o alcançava, desta vez alcançou. Contra a Suíça, o brasileiro de 26 anos foi objeto de 10 faltas: recorde em um jogo de Copa do Mundo nas últimas duas décadas.

    “Pouco a pouco chegarei ao meu nível”, disse ele com um fio de voz na saída do vestiário. “Conforme for jogando, vou me encontrar melhor”.

    Dez milhões a menos

    Usava um boné de beisebol sobre as mechas amarelas, vestígio informe da última obra do cabeleireiro que o acompanha por toda a Rússia. Sabe que o que estará em jogo em cada partida é muito mais do que o troféu mais importante do futebol. Seu objetivo é construir uma imagem que reforce sua condição de ícone, uma circunstância que facilitaria sua entrada em um clube gigantesco sem sofrer o estresse decorrente da desproporção. Seu plano está tão avançado que, como diz um agente próximo operação, chegaram a combinar verbalmente os valores que receberia: exatamente 37 milhões de euros, 10 milhões a menos do que no PSG, com perspectivas de compensar essa diferença com publicidade.

    Famoso nos círculos da indústria do futebol por lançar mensagens ambíguas ou contraditórias, o pai de Neymar disse no último inverno aos representantes do Real que seu filho quer assinar com o clube de Chamartin neste verão. Mas os assessores de Neymar seguem um padrão de atuação claro, segundo observam funcionários da Nike. Como regra geral, consideram que a forma mais segura de aumentar o valor da marca do jogador é assinando com clubes grandes quando estão em baixa, após uma temporada ruim, e não quando estão no topo e as probabilidades de declínio aumentam.

    A maior das estrelas em ascensão não tem uma bola de ouro no histórico. Seu futuro depende mais do que nunca do sucesso na Copa do Mundo. Se fosse tão precavido quanto seus assessores, ele não teria se mostrado tão apertado. Autoindulgente ao extremo, Neymar esticou os termos de sua preparação física muito além do recomendado. Agora precisa correr atrás do prejuízo.

    Por Diego Torres – El País

    galego novo dez 17