PRESIDENTE DA CBF É ISOLADO PELA CÚPULA DO FUTEBOL MUNDIAL

Coronel Nunes durante papo com jornalistas em Sochi

O camarote principal do estádio de Rostov deu a medida como o Brasil está fraco nos bastidores do futebol na Copa da Rússia.

O presidente da FIFA, Gianni Infantino, assistia à estreia da seleção ao lado de uma série de personalidades russas e do esporte.

No canto, o presidente da CBF, Antonio Carlos Nunes, 80, acompanhava o empate contra a Suíça, por 1 a 1, na estreia da seleção no Mundial.

Na Rússia, há menos de duas semanas, o coronel Nunes, como gosta de ser chamado, já desagradou a cúpula do futebol mundial e está isolado.

O seu principal desafeto é o presidente da CONMEBOL (entidade que controla a modalidade na América do Sul), Alejandro Domínguez, que o quer ver fora da CBF.

Na semana passada, o coronel rompeu o pacto costurado por Domínguez para apoiar em bloco a tríplice candidatura dos EUA, México e Canadá para sediar a Copa de 2026.

No dia anterior a votação, o Brasil firmou o acordo, mas não cumpriu.

Na votação, Nunes deu o seu voto para a candidatura de Marrocos, que acabou sendo derrotada.

Sem saber as regras da votação, ele acabou protagonizando um vexame quando a FIFA revelou o voto de todos os países.

A atitude do ex-oficial da Polícia Militar do Pará irritou o presidente da CONMEBOL e abalou a confiança dos cartolas da Fifa com os brasileiros.

Nos encontros com os dirigentes da América do Sul, Domínguez fala abertamente sobre o descontentamento de Nunes.

O dirigente é também representante brasileiro na CONMEBOL.

Nunes só deverá sair do poder em abril, quando termina o seu mandato. Ele passará o cargo para Rogério Caboclo, eleito há dois meses após Del Nero fazer campanha aberta para o seu escolhido.

O ex-presidente da Federação Paraense de Futebol virou comandante da CBF em abril após Marco Polo Del Nero ser banido pela FIFA.

Del Nero foi considerado culpado por corrupção.

Desconhecido dos torcedores, Nunes ganhou o poder num golpe, como costumava chamar a oposição, arquitetado por Del nero para manter o seu grupo político no poder após a sua saída.

Ele foi eleito vice-presidente da CBF na vaga de José Maria Marin, preso em 2015 na Suíça acusado de dividir propina com Del nero na venda de direitos de transmissão de torneios no país e na América do Sul.

De acordo com o estatuto da CBF, o vice mais velho é o sucessor do presidente em caso de vacância de poder.

Fonte: Notícias ao Minuto

galego novo dez 17

 

COPA DO MUNDO: FAVORITOS FICARAM DEVENDO NA PRIMEIRA RODADA

A Copa do Mundo ainda está à espera do despertar dos favoritos. Nem os quatro times mais cotados (Alemanha, Brasil, Espanha e França) nem a Argentina de Messi empolgaram na primeira rodada, e o único que saiu da estreia em situação confortável na classificação foi a França – líder graças à insossa vitória sobre a Austrália. Ainda é muito cedo para rotulá-los como decepções ou achar que um ou outro poderá naufragar já na primeira fase, mas espera-se que, pelo bem da competição, todos joguem mais bola nesta semana.

ALEMANHA – Em termos de resultado, foi o favorito que saiu pior da rodada inaugural. Campeã do mundo e da Copa das Confederações, e líder do ranking da Fifa, caiu por 1 a 0 diante do México – 15º no ranking e que o máximo que conseguiu num Mundial foi chegar às quartas de final (nas duas edições que sediou, em 1970 e 1986).

O time dirigido por Joachim Löw, sempre tão seguro e organizado, sofreu o diabo com os contragolpes mexicanos. No primeiro tempo quase todas as ações, inclusive a que terminou no gol de Lozano, foram nas costas do lateral-direito Kimmich. E o técnico não conseguiu encontrar um antídoto. No segundo, com Löw trocando jogadores defensivos por atacantes, os espaços aumentaram e o México chegava com facilidade por onde queria.

A Alemanha, quem diria, perdeu a calma e a paciência e partiu para o abafa. Özil, o armador, foi um fantasma em campo. E Sané, o ponta driblador que pode abrir uma defesa cerrada, não foi levado para a Rússia…

ARGENTINA – Por sua campanha atribulada nas Eliminatórias e por ter tido três técnicos na competição a seleção argentina não deveria estar entre as favoritas. Mas um time que tem o gênio Messi nunca pode ser descartado. Vai que o pessoal se mata para deixá-lo à vontade para desequilibrar, como os coadjuvantes fizeram com Maradona em 1986?

Mas a estreia contra a esforçada Islândia (22ª do ranking) mostrou que os problemas do time continuam sem solução. A defesa deu calafrios na torcida, e só não teve um desempenho mais desastroso porque os islandeses atacaram muito pouco – só de pensar no que pode acontecer contra a Croácia, que tem bons atacantes e não vai se limitar a defender, os torcedores já devem estar fazendo figa. E mais uma vez se viu que ninguém ajuda Messi na tarefa de criar jogadas.

A imprensa argentina especula que haverá mudanças para o jogo crítico contra os croatas. Às vezes um time começa mal e depois acorda, ganha conjunto e vai longe, como a Itália campeã do mundo em 1982 (empatou os três jogos da primeira fase e depois ganhou de Argentina, Brasil, Polônia e Alemanha). Mas para esta Argentina se levantar e andar precisará da melhor versão de Messi.

BRASIL –  A confiança dos torcedores, baseada nos resultados e atuações pré-Copa, sofreu um abalo com a decepcionante atuação do time no empate com a Suíça. E por falar em decepção, quem mais ficou devendo foi justamente o craque do time: Neymar.

Ele se preocupou mais em provocar seus marcadores e em tentar cavar faltas do que em jogar. Em raras ocasiões jogou coletivamente, e parecia alheio à importância da partida. Não foi o Neymar que vinha sendo, e o Brasil sentiu falta de suas jogadas incisivas.

Também chamou a atenção o fato de a Seleção ter se desarrumado depois de sofrer o gol de empate, o que não é comum na era Tite. A Suíça teve várias chances de sair em contra-ataques, e só não complicou ainda mais para o Brasil porque não tem velocidade. Embora esteja em sexto lugar no ranking da Fifa, é uma equipe que se defende muito melhor do ataca.

O Brasil tem crédito com a torcida e potencial para melhorar muito.  Que o time seguro na defesa e poderoso no ataque apareça na sexta-feira contra a Costa Rica.

ESPANHA – Foi o favorito que jogou melhor. Enfrentou um adversário que ocupa uma posição superior no ranking (Portugal está em quarto, os espanhóis em décimo), mandou no jogo na maior parte do tempo (mesmo sem ter sido empolgante) e só não ganhou porque perdeu o apetite para buscar mais gols depois de fazer 3 a 2 e porque do outro lado havia um goleador implacável como Cristiano Ronaldo – o autor dos três tentos.

A Espanha entrou na Copa abalada pela bombástica demissão do técnico Julen Lopetegui 48 horas antes da estreia, e coube ao ex-jogador Fernando Hierro (que era diretor da Federação) assumir o comando de uma equipe que se dividiu no episódio da saída do comandante: uns consideraram injusta a decisão do presidente da Federação, outros (especialmente os do Barcelona) acharam uma traição de Lopetegui ter negociado com o Real Madrid às vésperas do início da Copa.

A passagem para as oitavas de final é quase certa, porque Irã e Marrocos não devem incomodar. A dúvida é se quando chegarem os jogos eliminatórios haverá comando e união para o time sobreviver a momentos difíceis.

FRANÇA –  Foi o favorito que enfrentou o adversário mais fraco (a Austrália é 36ª no ranking), e também o que jogou o futebol mais burocrático. Com exceção dos primeiros cinco minutos, em que uma blitz obrigou o goleiro australiano a fazer três boas defesas, o que se viu depois foi um time sem imaginação – muito longe da ótima impressão deixada na vitória por 3 a 1 sobre a Itália na reta final de preparação para a Copa.

Mbappé, Griezmann e Dembélé estiveram muito abaixo do que podem render, e os dois últimos foram substituídos no segundo tempo. Griezmann foi até cobrado publicamente pelo técnico Deschamps, que disse na coletiva esperar muito mais dele.

A França teve pouco jogo pelos lados, pouca criação no meio-campo e exibiu uma faceta que preocupa a torcida e a imprensa não é de hoje: a falta de personalidade de alguns jogadores quando as coisas não estão funcionando bem. E isso pode ser fatal a partir das oitavas.

Por  Luis Augusto Monaco – Carta Capital

galego novo dez 17

TORCEDORES DENUNCIAM PREÇOS ABUSIVOS NO COMÉRCIO RUSSO

André Pugliesi/Gazeta do Povo

Se dentro dos estádios da Copa do Mundo de 2018 é só festa, fora deles os turistas estão encontrando dificuldades nos altos preços de hotéis, corridas de táxi e outros serviços nas cidades russas.

De acordo com as autoridades do país, os estabelecimentos estariam ilegalmente dobrando, e até triplicando, os seus preços para turistas estrangeiros, com o objetivo de faturarem mais com o Mundial.

Em um dos casos relatados, um motorista de táxi cobrou 23 mil rublos (mais de 300 euros) de um turista vietnamita para levá-lo da Praça Vermelha ,em Moscou, até o aeroporto Sheremetyevo, sendo que a mesma rota custa cerca de 1000 rublos. O cliente até reclamou do preço, mas o taxista o ameaçou.

Em outra ocasião, o restaurante georgiano Genatsvale, de acordo com um relato de um jornalista russo, inventou um cardápio em inglês no qual seus preços dobraram.

Já um grupo de mexicanos precisou pagar 5 mil rublos por noite por um quarto no hostel Gnezdo, em São Petersburgo, sendo que a diária é de apenas 500 rublos. Além disso, eles reclamaram da hospitalidade do local.(ANSA)

 

galego novo dez 17

IMPACTO DA COPA SERÁ DE ELEFANTES BRANCOS E DE QUASE NADA NA ECONOMIA

Russia 2018

Impacto econômico mínimo e uma manada de elefantes brancos na forma de estádios modernos sem demanda de utilização por pequenos times locais. Empreiteiros amigos do governo com contratos bilionários.

Parece o Mundial do Brasil de 2014, mas é o da Rússia de 2018. O cenário grandioso montado por Vladimir Putin para receber a Copa do Mundo em seu país tem um custo que a nova alta do preço do petróleo deverá ajudar a bancar.

Consultorias especializadas em Rússia veem estímulo residual do Mundial na economia, de 0,1% a 0,2% do PIB. O ano deve fechar com alta de 1,5% a 2%, uma recuperação lenta após a recessão de 2014-2016.

O banco central russo divulga dados otimistas de entrada de capitais, cerca de R$ 11 bilhões só via turistas, mas isso não faz cócegas num PIB de conjunto de R$ 4,8 trilhões.

Além disso, há os gastos públicos, de R$ 22 bilhões do orçamento total de R$ 38,4 bilhões atualizado pelo Comitê Organizador Local da FIFA.

Além de as fatias mais suculentas dos contratos de construção terem ido para empresários íntimos de Putin – o que gera contestação pontual, mas nada parecido com uma Lava Jato na Rússia-, o resultado da operação é duvidoso.

O estádio de Volgogrado, que receberá só quatro jogos de primeira fase da Copa do Mundo, foi feito a um custo equivalente a R$ 932 milhões, com 45 mil lugares.

Após o fim do Mundial, estruturas temporárias similares às construídas no Itaquerão para a Copa de 2014 serão removidas, e a capacidade cairá para 35 mil lugares.

Parece razoável, mas o time que mandará os jogos lá, o Rotor-Volgogrado, teve uma média de 3.701 pagantes em seus 19 jogos em casa na segunda divisão do Campeonato Russo desta temporada.

No outro canto do “esquadro Copa” do país, o encrave de Kaliningrado, a situação é parecida. A arena tem 35 mil lugares e custou R$ 1,1 bilhão. O governo local já pediu ajuda ao Kremlin.

Quando mandou seus 19 jogos até aqui na temporada da segunda divisão, o FC Baltika, que será o proprietário do novo estádio, teve 7.977 pagantes por partida.

Na realidade, só dois times da primeira divisão se encaixam no perfil de seus novos estádios. O Zenit, de São Petersburgo, levou, em 15 jogos em casa, uma média de 30.537 torcedores à sua arena, com capacidade para 43 mil pessoas. Já no Spartak de Moscou, a média foi de 24.776 espectadores em seu campo de 30 mil lugares.

Para comparar, os líderes até aqui de público do Brasileiro, Flamengo e Corinthians, levaram em média 45 mil e 34 mil pagantes, respectivamente, aos seus jogos de mando.

“A diferença em relação ao Brasil é que não houve muito gasto com infraestrutura, que já existia”, diz Tom Adshead.

Morador de Moscou, ele é o analista-chefe de finanças da consultoria Macro-Advisory e autor de estudo sobre os impactos da Copa não só no país mas principalmente no negócio do futebol da Rússia.

“Teremos problemas em Saransk também [onde o time local é da terceira divisão e não leva nem mil torcedores por partida e a arena terá 35 mil lugares após a Copa]. Mas Sochi é um elefante branco menor do que pensávamos depois dos Jogos de Inverno de 2014 pois virou um resort de sucesso.”

A primeira divisão tem potencial para sair da sexta posição que ocupa em receitas entre os campeonatos da Europa, na avaliação de Adshead.

Por outro lado, as negociações de direitos de TV ainda são amplamente obscuras. “Não há dados confiáveis. Ao fim, parece que a Federação Russa cobrou uns R$ 118 milhões das TVs daqui, mas suspeito que muito disso tenha sido subsidiado pelo Estado.”

Há a pulverização do investimento também. Segundo a Agência Russa de Comunicação, em 2016 a internet recebeu uma fatia de publicidade comparável à da televisão pela primeira vez -R$ 751 milhões ante R$ 832,5 milhões das TVs. Oito anos antes, a equação era de R$ 2 bilhões para televisão e R$ 262 milhões para sites, em valores corrigidos.

Para Adshead, como grandes anunciantes tendem a ser estatais, a manipulação torna difícil a profissionalização desse ângulo do negócio.