COPA DO MUNDO: FAVORITOS FICARAM DEVENDO NA PRIMEIRA RODADA

A Copa do Mundo ainda está à espera do despertar dos favoritos. Nem os quatro times mais cotados (Alemanha, Brasil, Espanha e França) nem a Argentina de Messi empolgaram na primeira rodada, e o único que saiu da estreia em situação confortável na classificação foi a França – líder graças à insossa vitória sobre a Austrália. Ainda é muito cedo para rotulá-los como decepções ou achar que um ou outro poderá naufragar já na primeira fase, mas espera-se que, pelo bem da competição, todos joguem mais bola nesta semana.

ALEMANHA – Em termos de resultado, foi o favorito que saiu pior da rodada inaugural. Campeã do mundo e da Copa das Confederações, e líder do ranking da Fifa, caiu por 1 a 0 diante do México – 15º no ranking e que o máximo que conseguiu num Mundial foi chegar às quartas de final (nas duas edições que sediou, em 1970 e 1986).

O time dirigido por Joachim Löw, sempre tão seguro e organizado, sofreu o diabo com os contragolpes mexicanos. No primeiro tempo quase todas as ações, inclusive a que terminou no gol de Lozano, foram nas costas do lateral-direito Kimmich. E o técnico não conseguiu encontrar um antídoto. No segundo, com Löw trocando jogadores defensivos por atacantes, os espaços aumentaram e o México chegava com facilidade por onde queria.

A Alemanha, quem diria, perdeu a calma e a paciência e partiu para o abafa. Özil, o armador, foi um fantasma em campo. E Sané, o ponta driblador que pode abrir uma defesa cerrada, não foi levado para a Rússia…

ARGENTINA – Por sua campanha atribulada nas Eliminatórias e por ter tido três técnicos na competição a seleção argentina não deveria estar entre as favoritas. Mas um time que tem o gênio Messi nunca pode ser descartado. Vai que o pessoal se mata para deixá-lo à vontade para desequilibrar, como os coadjuvantes fizeram com Maradona em 1986?

Mas a estreia contra a esforçada Islândia (22ª do ranking) mostrou que os problemas do time continuam sem solução. A defesa deu calafrios na torcida, e só não teve um desempenho mais desastroso porque os islandeses atacaram muito pouco – só de pensar no que pode acontecer contra a Croácia, que tem bons atacantes e não vai se limitar a defender, os torcedores já devem estar fazendo figa. E mais uma vez se viu que ninguém ajuda Messi na tarefa de criar jogadas.

A imprensa argentina especula que haverá mudanças para o jogo crítico contra os croatas. Às vezes um time começa mal e depois acorda, ganha conjunto e vai longe, como a Itália campeã do mundo em 1982 (empatou os três jogos da primeira fase e depois ganhou de Argentina, Brasil, Polônia e Alemanha). Mas para esta Argentina se levantar e andar precisará da melhor versão de Messi.

BRASIL –  A confiança dos torcedores, baseada nos resultados e atuações pré-Copa, sofreu um abalo com a decepcionante atuação do time no empate com a Suíça. E por falar em decepção, quem mais ficou devendo foi justamente o craque do time: Neymar.

Ele se preocupou mais em provocar seus marcadores e em tentar cavar faltas do que em jogar. Em raras ocasiões jogou coletivamente, e parecia alheio à importância da partida. Não foi o Neymar que vinha sendo, e o Brasil sentiu falta de suas jogadas incisivas.

Também chamou a atenção o fato de a Seleção ter se desarrumado depois de sofrer o gol de empate, o que não é comum na era Tite. A Suíça teve várias chances de sair em contra-ataques, e só não complicou ainda mais para o Brasil porque não tem velocidade. Embora esteja em sexto lugar no ranking da Fifa, é uma equipe que se defende muito melhor do ataca.

O Brasil tem crédito com a torcida e potencial para melhorar muito.  Que o time seguro na defesa e poderoso no ataque apareça na sexta-feira contra a Costa Rica.

ESPANHA – Foi o favorito que jogou melhor. Enfrentou um adversário que ocupa uma posição superior no ranking (Portugal está em quarto, os espanhóis em décimo), mandou no jogo na maior parte do tempo (mesmo sem ter sido empolgante) e só não ganhou porque perdeu o apetite para buscar mais gols depois de fazer 3 a 2 e porque do outro lado havia um goleador implacável como Cristiano Ronaldo – o autor dos três tentos.

A Espanha entrou na Copa abalada pela bombástica demissão do técnico Julen Lopetegui 48 horas antes da estreia, e coube ao ex-jogador Fernando Hierro (que era diretor da Federação) assumir o comando de uma equipe que se dividiu no episódio da saída do comandante: uns consideraram injusta a decisão do presidente da Federação, outros (especialmente os do Barcelona) acharam uma traição de Lopetegui ter negociado com o Real Madrid às vésperas do início da Copa.

A passagem para as oitavas de final é quase certa, porque Irã e Marrocos não devem incomodar. A dúvida é se quando chegarem os jogos eliminatórios haverá comando e união para o time sobreviver a momentos difíceis.

FRANÇA –  Foi o favorito que enfrentou o adversário mais fraco (a Austrália é 36ª no ranking), e também o que jogou o futebol mais burocrático. Com exceção dos primeiros cinco minutos, em que uma blitz obrigou o goleiro australiano a fazer três boas defesas, o que se viu depois foi um time sem imaginação – muito longe da ótima impressão deixada na vitória por 3 a 1 sobre a Itália na reta final de preparação para a Copa.

Mbappé, Griezmann e Dembélé estiveram muito abaixo do que podem render, e os dois últimos foram substituídos no segundo tempo. Griezmann foi até cobrado publicamente pelo técnico Deschamps, que disse na coletiva esperar muito mais dele.

A França teve pouco jogo pelos lados, pouca criação no meio-campo e exibiu uma faceta que preocupa a torcida e a imprensa não é de hoje: a falta de personalidade de alguns jogadores quando as coisas não estão funcionando bem. E isso pode ser fatal a partir das oitavas.

Por  Luis Augusto Monaco – Carta Capital

galego novo dez 17

Autor: genteamericana

Militar, residente em Natal e Torcedor do Mecão

Deixe um comentário