RÚSSIA ENCARA DESAFIOS DIANTE DA CHEGADA DE POUCO MAIS DE 1 MILHÃO DE TORCEDORES

A Rússia espera a chegada de mais de um milhão de torcedores para a Copa do Mundo, a partir da próxima semana, o que impõe um enorme desafio logístico, cultural e social para abrir fãs de futebol dos mais diferentes países, a maior parte deles em clima de festa para as cidades-sede do Mundial. A estimativa de “mais de um milhão” é do presidente da FIFA, Gianni Infantino. No início da semana, a entidade havia vendido dois milhões de ingressos, sendo 872.578 para russos.

Atrás dos anfitriões, os países que mais compraram entradas foram Estados Unidos, Brasil e Colômbia. O objetivo do Comitê de Organização é claro: mostrar para os torcedores “uma Rússia inesquecível”, como explicou o diretor geral, Alexei Sorokin.

FIFA confirma que 2.403.116 bilhetes foram alocados para os fãs de futebol em todo o mundo desde que as vendas começaram em setembro de 2017. A maioria deles foi para torcedores russos (871.797), seguido por fãs dos EUA (88.825), Brasil (72.512), Colômbia (65.234), Alemanha (62.541), México (60.302), Argentina (54.031), Peru (43.583), China (40.251), Austrália (36.359) e Inglaterra (32.362). A demanda internacional responde por 54% dos ingressos vendidos. 

Grandes investimentos em infraestruturas

A Rússia também apostou na renovação de infraestruturas, desembolsando 13 bilhões de dólares. “Os aeroportos de seis cidades têm terminais novos e foram construídos 21 novos hotéis em cidades-sede”, explicou Sorokin em maio.

O diretor também lembrou os “14 hospitais pré-equipados para o torneio”: “Nada supérfluo, precisávamos disso”, afirmou.

“Isto responde um objetivo de melhora do território, com efeito de recuperação nos últimos 20 anos, onde não tinham-se feito investimento”, avalia Jean-Baptiste Guegan, um dos autores de um livro sobre o que está velado no futebol russo.

O objetivo é fazer da Copa do Mundo uma “mistura de brilho e atrativo”, o que implica que a experiência dos turistas seja ótima para recomendarem uma visita à Rússia quando retornarem a seus países.

Transportes gratuitos e ‘Fan ID’

“Nunca vi um país que tenha feito tanto para receber os torcedores”, garantiu na segunda-feira (05/6) Infantini.

Os torcedores que viajaram ao país terão “pela primeira vez na história” a oportunidade de se beneficiarem “de um sistema de transporte gratuito entre as cidades-sede, com mais de 700 trens suplementares”, segundo Alexei Sorokin.

“É um sistema realmente bom, mas a oferta não é suficiente e a imensa maioria dos trens já está reservada”, indicou à AFP Ronan Evain, responsável da Football Supporters Europe (FSE), uma rede que reúne torcedores de mais de 40 países.

Alojamentos

Uma preocupação persiste: “os alojamentos podem gerar grandes problemas, porque os proprietários dos apartamentos tentam aumentar os preços, incluindo cancelamentos de apartamentos já alugados”, acrescenta Ronan Evain.

Uma questão similar já provocou dores de cabeça em Kiev, capital da Ucrânia, antes da final da Liga dos Campeões entre Real Madrid e Liverpool, vencida pelos espanhóis.

“Em Moscou se está equilibrando porque a oferta é gigantesca, mas nas cidades em que as infraestruturas de acolhimento são insuficientes, como Saransk ou Nijni Novgorod, os preços disparam”, diz o bom conhecedor da Rússia.

Idioma e Direitos Humanos

Outra questão que levanta dúvidas é a tolerância da sociedade russa. Trabalhou-se na “formação de voluntários e nas forças de segurança contra o racismo”, afirma à AFP Sylvia Schenk, da Transparency International e membra do Conselho Consultivo da Fifa sobre os Direitos Humanos. Mas os riscos com problemas de racismo persistem.

“A FIFA também negociou com autoridades russas para que a bandeira arco iris seja autorizada nos estádios”, explicou Schenk em referência ao símbolo LGBT e sobre a lei russa que proíbe “propaganda” homossexual diante de menores de idade.

“Haverá uma Casa de Orgulho em Moscou, levantada por ONGs russas e pela FIFA, e as autoridades confirmaram que ninguém será perseguido”, concluiu.

Mas Ronan Evain lamenta que “muitos voluntários não tenham se formado em inglês”, nem mesmo para indicações básicas.

Por Luiz  Antonio Prosperi – Carta Capital

 

galego novo dez 17

Autor: genteamericana

Militar, residente em Natal e Torcedor do Mecão

Deixe um comentário