RENATO AUGUSTO, ENTRE MISTÉRIO E A GRATIDÃO DE TITE

Renato Augusto faz testes com o fisioterapeuta Bruno Mazziotti (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)
Renato Augusto faz testes com o fisioterapeuta Bruno Mazziotti (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

Renato Augusto, 30 anos, não treina com bola há dez dis. Desde que a Seleção Brasileira desembarcou em Londres, dia 27 de maio, o meia tem passado seu tempo na fisioterapia aos cuidados do corpo médico da comissão técnica. Nesta terça-feira (05/6) apareceu no campo apenas para ouvir a preleção de Tite. Não economizou no sorriso, de tão à vontade que se sente no grupo que vai disputar a Copa da Rússia.

De acordo com médicos da Seleção, Renato Augusto tem uma inflamação no joelho esquerdo. E pronto. Nada mais se falou de forma oficial a respeito do problema do jogador e da extensão do caso.

Antes de se apresentar a Tite, dia 21 de maio na Granja Comary, em Teresópolis, o jogador tinha no seu prontuário a ausência nas duas últimas partidas do Beijing. Havia sido afastado dos jogos de seu clube chinês por sentir dores no joelho esquerdo.

Nas atividades durante a semana na Granja, Renato Augusto pouco participou. E, nos treinamentos em Londres, tem ficado distante dos campos, ocupando as salas de fisiologia do CT do Tottenham, quartel-general da Seleção na Inglaterra. Nem acompanhou a delegação no amistoso contra a Croácia, em Liverpool no último fim de semana, para continuar em tratamento intensivo.

Diante desse quadro e das poucas informações da comissão técnica, chega a ser surpreendente a inscrição de Renato Augusto na lista dos 23 jogadores eleitos por Tite para Copa da Rússia, confirmada nesta segunda-feira (04/6) pela Fifa.

Sem treinar para valer com os companheiros de escrete, o meia vai chegar na Copa defasado do ponto de vista físico numa comparação até superficial com os outros jogadores. E também sem participar dos ensaios técnicos de Tite. Sem falar que o jogador apresentou um sensível declínio técnico na última temporada no futebol chinês com efeito imediato na Seleção.

“O Renato baixou um pouco em alguns aspectos, no nível de treinamento. Ele se apresentou em recuperação, e o Fernandinho, o Coutinho e outros estavam em alto nível. É só canhão, avião. Chamei o Renato, passei um vídeo e falei para retomar o padrão dele. Ele também me municiou de informações. No final do ano, inteligentemente, não teve férias para chegar com uma condição melhor. Agora, está retomando o seu processo normal”, disse Tite, na véspera do amistoso contra Croácia.

A permanência de Renato Augusto na Seleção é, por enquanto, um grande mistério. Brasil está a 12 dias da estreia na Copa – 17 de junho contra Suíça em Rostov Don.

Tite, parece, corre um risco desnecessário ao sustentar o meia no seu grupo. Na função que Renato exerce, Fernandinho, em boa fase técnica e física, tem sido escalado. Resumo da ópera: Renato Augusto não é imprescindível.

Garotos como Arthur, do Grêmio, e Lucas Paquetá, do Flamengo, podem e têm todo repertório para ocupar o espaço de Renato. Os dois estão lista dos 35 de Tite.

Uma troca na relação dos 23 também seria autorizada pela FIFA, que, pelo regulamento da Copa, aceita substituições na lista até na véspera da estreia de uma seleção, desde que seja por motivos médicos.

Por que Tite insiste em Renato Augusto?

Primeira resposta remete à gratidão do treinador aos serviços prestados pelo jogador quando assumiu o comando da Seleção após a queda de Dunga, em junho de 2016. Velho conhecido de seu tempo de Corinthians, Renato ajudou Tite na reconstrução do time do Brasil, seja do ponto de vista técnico como de liderança no vestiário.

Tite não é de deixar soldado tombado na trincheira depois de vitórias em batalhas memoráveis.

Segunda resposta tem como base a questão tática. Na visão do treinador, Renato faz bem o trabalho de proteção a Marcelo e aos zagueiros no setor esquerdo e tem chegada forte no ataque com um tom acima do que Fernandinho é capaz de executar.

Na teoria, as duas respostas servem como justificativa para Tite ainda não cortar Renato Augusto do Mundial.

Na prática, porém, não se chega a uma Copa do Mundo, de tanta exigência física e concentração mental, com um jogador longe de sua plenitude técnica e corporal. Um a menos que seja pode custar a conquista da taça.

Renato Augusto está entre o mistério e a gratidão de Tite.

Por Luiz Antônio Prósperi – Carta Capital

galego novo dez 17

Autor: genteamericana

Militar, residente em Natal e Torcedor do Mecão

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