CATAR 2022: VEM AÍ MAIS PRESSÃO PARA A FIFA MUDAR A SEDE DO EVENTO POR CAUSA DA COMPRA DE VOTOS

As acusações de compra de votos no processo que elegeu o Catar como sede da Copa do Mundo de 2022 voltam à tona, e a FIFA deverá ser novamente pressionada para reabrir as investigações sobre o tema ou até mesmo cancelar a escolha e fazer outra votação para mudar o país organizador do evento.

A recém-criada Foundation for Sports Integrity (Fundação para a Integridade do Esporte), com sede em Londres, fez uma minuciosa investigação sobre o assunto, e chegou à seguinte conclusão: “A escolha do Catar para sediar a Copa de 2022 é o retrato da corrupção que assola a FIFA há mais de 30 anos. É o maior escândalo da história da entidade, tanto pelo dinheiro movimentado como pelo número de dirigentes que receberam propina. A votação é absolutamente ilegítima.”

Segundo a FSI (Foundation for Sports Integrity), muito dinheiro correu para que um país de 2,6 milhões e que em 2010 (ano da votação) tinha apenas um estádio vencesse a concorrência contra nações como Inglaterra, Austrália, Japão e Estados Unidos. Onze integrantes do Comitê Executivo da FIFA (que tinha 22 membros) votaram pelo Catar na primeira rodada e 14 na segunda, o que sacramentou a vitória do país. A partir da escolha da sede que receberá o Mundial de 2026 os 211 países filiados à FIFA poderão votar, e os votos serão abertos.

A FSI descobriu que o argentino Julio Grondona (morto em 2014), que à época era vice-presidente da FIFA e presidente da AFA (Associação de Futebol Argentino), recebeu um depósito misterioso de 4 milhões de euros numa conta na Suíça poucos dias antes da votação. Também acusa o brasileiro Ricardo Teixeira e o paraguaio Nicolás Leoz de terem recebido propina do Catar, assim como Jack Warner e Chuck Blazer, da CONCACAF (Confederação da América Central, do Norte e Caribe), e o espanhol Angel Maria Villar entre outros.

O esquema, de acordo com a FSI, envolveu até governos. O francês Michel Platini, que em 2010 presidia a UEFA (União Europeia de Associações de Futebol), admitiu ter mudado seu voto a favor do Catar depois de ter participado de um encontro com o emir do Catar (Tamim Bin Hamad Al-Thani) e o presidente francês Nicolas Sarkozy. Segundo a FSI, nesse encontro foi costurado um acordo de 1,2 bilhão de euros entre a Qatar Airways e a francesa Airbus. Outro acordo comercial de vulto beneficiou a Tailândia e teve a participação de Worawi Makudi, que presidia a federação de futebol do país e integrava o Comitê Executivo da FIFA. O acerto foi para a Tailândia receber gás do Catar.

Além das denúncias sobre a compra de votos, o Catar também é acusado de submeter os operários estrangeiros a condições de trabalho precárias nas obras de construção de estádios. Por causa das altíssimas temperaturas no país em junho e julho, as arenas estão sendo dotadas de ar-condicionado. Mesmo assim, para amenizar a situação, a FIFA mudou o período de realização do Mundial para o fim do ano, entre 18 de novembro e 21 de dezembro – quando o calor é menos inclemente.

A FSI vai pressionar a FIFA a voltar a lidar com o caso da escolha do Catar, mas sabe que a entidade tem mostrado pouco interesse em mergulhar fundo no assunto. O novo presidente, Gianni Infantino, parece mais empenhado em antecipar o aumento no número de participantes de 32 para 48 para 2022 – a previsão era de que isso ocorresse quatro anos depois – e assim renegociar os direitos de tevê por valores maiores.

Mas se surgirem mais provas e indícios de corrupção no processo, e há rumores de que a FSI tem um farto material a respeito disso, será difícil fazer vistas grossas para o assunto.

Por Luis Augusto Monaco – Carta Capital

 

galego novo dez 17

Autor: genteamericana

Militar, residente em Natal e Torcedor do Mecão

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