COPA DO NORDESTE: PRESIDENTE DO VITÓRIA QUER MUDANÇAS

A Copa do Nordeste terá mudanças para 2019. No novo modelo da competição, 16 equipes serão divididas em dois grupos de oito, com os times de uma chave enfrentando a outra. Os quatro melhores de cada grupo se classificarão para as quartas de final. O novo regulamento também proporcionará mais clássicos na primeira fase, pois os estados com mais de um representante ficarão em chaves opostas. Ricardo David, presidente do Leão, aprovou as alterações, mas defende um modelo ainda “mais atrativo” para 2020.

“O Vitória entende que esse modelo disputado esse ano requer melhorias, não é comercialmente atrativo. Público baixíssimo, o que prova que precisa de melhorias. O Vitória aceita o modelo de 2019, mas ainda quer discutir o modelo a partir de 2020. Precisa ser. Não se faz futebol sem dinheiro. A gente precisa tornar a Copa do Nordeste mais atrativa”, afirmou o presidente do Leão, em entrevista coletiva.

 

galego novo dez 17

MANÉ GARRINCHA CUSTA 11 VEZES MAIS DO QUE ARRECADA

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Estádio Mané Garrincha e Ginásio Nilson Nelson, que integram a ArenaPlex (Breno Fortes/CB/D.A Press)

Dezoito de maio de 2013. Horas antes de Brasiliense e Brasília entrarem em campo para disputar a segunda partida da final do Campeonato Candango — que terminaria com vitória por 3 x 0 do time de Taguatinga —, a então presidente, Dilma Rousseff, e o então governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, deram o pontapé inicial que marcou a inauguração do novo estádio Mané Garrincha. Era o fim dos 1.027 dias de trabalho, que envolveu 15 mil trabalhadores e culminou na arena de 1,6 milhão de metros quadrados e capacidade para 72,8 mil torcedores.

Os dois estavam empolgados. “Agradeço a todos vocês pelo empenho que aqui foi feito em nome do povo de Brasília”, disse Agnelo. “Essa é uma demonstração da capacidade que nós, brasileiros, temos de, juntos, realizar o que muitos pessimistas de plantão sempre dizem que não somos capazes”, afirmou a presidente, que ainda declarou, em tom de cobrança, esperar “a mesma competência em campo” por parte da Seleção Brasileira, que, no ano seguinte, disputaria a Copa do Mundo ali.

Dezoito de maio de 2018. Cinco anos se passaram. E, com eles, a empolgação. O tempo e o destino foram implacáveis com quase todos os personagens envolvidos ou citados na festa de inauguração. A Seleção Brasileira foi humilhada com o fatídico 7 a 1 diante da Alemanha na semifinal do Mundial. Dilma acabou afastada da Presidência, antes de concluir o segundo mandato, por um processo de impeachment. Agnelo não chegou sequer ao segundo turno na disputa pela reeleição em 2014 e, anos mais tarde, ainda virou réu por supostos desvios na construção do próprio estádio, assim como o também ex-governador José Roberto Arruda, o ex-vice-governador Tadeu Filippelli e outras nove pessoas.

R$ 1,6 bilhão  custo estimado do Mané Garrincha

R$ 465 milhões prejuízos identificados pelo TCDF

E o Mané Garrincha?

Ah, o Mané Garrincha cumpriu as previsões de que estava destinado a se tornar um elefante branco. Em cinco anos de existência, a arena recebeu 48,3% mais eventos de outra natureza do que partidas de futebol e custa aos cofres públicos quase 11 vezes mais do que arrecada.

De acordo com a Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) — que administra o Mané Garrincha —, o estádio consome cerca de R$ 700 mil por mês, referentes a despesas com energia, limpeza, manutenção e outros serviços. A arrecadação, por outro lado, foi de R$ 760.593,97 em todo o ano de 2017. Ou seja, em pouco mais de um mês, a arena gasta tudo o que arrecadou em todo o ano passado.

A Terracap reconhece o problema e defende a concessão do estádio para a iniciativa privada como solução ao prejuízo que o Mané dá aos cofres públicos, ideia que já era demonstrada à época da construção da arena, durante o governo de Agnelo Queiroz. Procurado pelo Correio para comentar o valor investido no estádio e a ideia da concessão, o ex-governador disse, por meio de seu advogado Paulo Guimarães, que não se pronunciaria sobre o tema.

Tentando levar adiante a concessão, a Terracap lançou em fevereiro uma licitação pública para a transferência da ArenaPlex  — que engloba o Mané Garrincha, o Ginásio Nilson Nelson, o complexo aquático Cláudio Coutinho e quadras poliesportivas na região.

Pelo edital, a empresa vencedora administraria a área por 35 anos ao custo mínimo de R$ 5 milhões anuais, além de uma taxa de 5% caso as receitas superem o previsto. Apenas um consórcio, formado pela Amsterdam Arena e RNGD, tendo como subordinada a Capital Live, apresentou proposta para gerir o complexo.

Porém, o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) suspendeu o processo em 8 de março por supostas irregularidades no edital. Entre elas, afirma a Corte por meio de sua assessoria, está a falta de autorização legislativa para a mudança de destinação da área e a ausência de licença do Iphan para novas construções no local.

Após solicitar prorrogação de prazo, a Terracap enviou seus argumentos a favor do edital em 21 de março. “As informações já foram analisadas pelo corpo técnico do Tribunal e o processo encontra-se com o Ministério Público junto ao TCDF para emissão de parecer. Após isso, retornará ao gabinete do Conselheiro Relator para elaboração de voto e será novamente colocado em pauta no Plenário”, informa o TCDF.

R$ 700 mil custo mensal do Mané

R$ 760 mil arrecadação em todo o ano de 2017

Economia de R$ 18 milhões por ano

A expectativa da Terracap é que as pendências sejam resolvidas e o processo de licitação possa ser retomado até o fim deste mês. Caso isso aconteça, o contrato de concessão poderia ser assinado no fim de junho. Além das receitas de R$ 5 milhões ao ano, a parceria com a iniciativa privada também possibilitaria, pelos cálculos da empresa estatal, a realização de benfeitorias na região do estádio, bem como uma economia anual de R$ 13 milhões (na conta, entram os gastos com o Mané Garrincha, o Nilson Nelson, o Cláudio Coutinho e as quadras poliesportivas).

De todo modo, considerando esse valor de R$ 18 milhões (a soma do que o GDF vai receber com o que vai deixar de gastar), seriam necessários cerca de 89 anos para que os R$ 1,6 bilhão gastos na construção do Mané Garrincha voltassem aos cofres públicos. O gerente de Formatação de Negócios da Terracap, João Veloso, pondera, contudo, que os estádios não costumam recuperar o valor investido apenas com a receita de eventos e jogos.

“Um estádio tem mais benefícios sociais. Quem ganha não é o proprietário. É toda a economia que você ativa. É um ganho que não fica no empreendimento em si. Não é o empreendimento que dá o retorno, mas, sim, a geração de empregos, os tributos, a ativação da economia local, os grandes eventos…”, elenca.

Para Veloso, a concessão do Mané para a Capital Live — que também tem participação na gestão do estádio do Palmeiras, a Allianz Arena, em São Paulo — abriria a oportunidade de o estádio brasiliense receber ainda mais eventos e jogos. “É um operador profissional que já está no mercado. Ele tem eventos de sobra na arena que já opera e quer outra”, diz. “Já fizemos os investimentos (da construção). Agora, não adianta mais continuar investindo na área. Seria bom ter um operador privado para gerir e transformar a região em uma grande área de lazer para a população. Nós não enxergamos o setor público investindo e requalificando a área”, conclui.

Por falar em eventos…

De acordo com a Secretaria de Turismo — responsável pelos contratos de locação do estádio —, desde a reinauguração em 2013, a arena recebeu 4 milhões de pessoas em 118 jogos de futebol e 175 eventos de outro tipo. Ou seja, 48,3% mais festas, shows e demais produções do que partidas.

Para o secretário de Turismo, Jaime Recena, a proporção não é um problema. “Sempre se falou que o Mané Garrincha seria uma arena multiuso. A quantidade de eventos sempre vai ser maior. Até porque você pode ter três ou quatro eventos acontecendo simultaneamente”, pontua.

De fato, levantamento feito pelo Correio mostra que o número de eventos supera o de jogos em três de cinco arenas construídas para a Copa consultadas pela reportagem (as demais não responderam às solicitações ou não tiveram a administração localizada). As únicas exceções, em que as partidas de futebol foram maioria, são o Mineirão e a Arena Pernambuco.

No entanto, o Mané ainda fica bem atrás das outras arenas se considerarmos a soma de eventos e jogos. Por aqui, 293 acontecimentos tiveram o estádio como palco. O número só supera o da Arena Pernambuco (279) e fica bem distante da Arena Fonte Nova, na Bahia (444).

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Confrontado com esses dados, Recena diz que o número é “razoável”, mas credita parte da responsabilidade pela pequena quantidade de jogos em Brasília à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que, no ano passado, após votação com os clubes, decidiu proibir a venda de mandos de campos para outros estados.

Na prática, a decisão tirou Brasília — que não tem um representante nas três primeiras divisões do Campeonato Brasileiro — da rota das grandes partidas nacionais. “Já tínhamos acordado com o Flamengo a realização de cinco jogos. Acabamos perdendo todos. Outros clubes também deixaram de trazer partidas para cá. Foi uma decisão muito ruim, que acabou atrapalhando um pouco a captação de eventos”, lamenta o secretário.

A decisão, contudo, acabou sendo revertida neste ano, novamente em votação com os clubes. Questionada pela reportagem sobre o impacto da proibição nas arenas construídas pela Copa, a CBF se limitou a dizer que “trabalha para fomentar o futebol em todas as regiões do país, realizando 19 competições”.

Por fim, Recena — que afirma ter sido “sempre muito crítico” à construção do Mané, “pelo valor gasto” — avalia que “não dá para dizer que o estádio é um bom negócio” e, assim como a Terracap, defende a concessão para a iniciativa privada. “A relação não é de compensação, mas ter um equipamento como esse na cidade é importante, porque permite a vinda de grandes jogos e turnês mundiais. A concessão vai permitir outras possibilidades. Eu defendo a transferência para a iniciativa privada, até porque essa era a ideia original”, finaliza.

Por Fernando Jordão – Correio Braziliense

galego novo dez 17

FIFA QUE LIMITAR COMISSÃO DE AGENTES A 5%

PTE DA FIFA

A implantação de um teto nas comissões pagas em transferências de jogadores colocou a FIFA em conflito com importantes empresários do futebol mundial. Há duas semanas, a entidade buscou consenso com 25 deles sobre o assunto. Não conseguiu.

“O encontro não foi nada produtivo”, afirma o advogado brasileiro Marcos Motta, especializado em legislação esportiva internacional.

Em 2016, a FIFA montou grupo de estudos para regulamentar a atuação dos agentes. A questão central passou a ser a porcentagem que eles recebem a cada negociação.

A entidade quer colocar teto de 5% do valor da transferência. Nenhum empresário poderia receber mais do que isso. Hoje não há regra, apenas recomendação de que seja pago 3%. O conselho é ignorado por clubes e agentes.

Na compra de Paul Pogba pelo Manchester United (ING) em 2016 por 103 milhões de euros (R$ 455 mi), o empresário italiano Mino Raiola embolsou 47,27 milhões de euros (R$ 209 mi), 46% do total.

Em janeiro deste ano, a UEFA divulgou estudo das transferências entre 2013 e 2017. Na média, os agentes ficaram com 13% de comissão.

“Em duas mil negociações analisadas, as comissões variaram entre 12% e 13%. A comissão típica para pequenas negociações inferiores a 100 mil euros [R$ 441 mil] foi de 40%, caindo para 9% nas de 5 milhões de euros [R$ 22 mi] ou mais”, diz o texto da UEFA.

“A FIFA também quer divulgar as informações referentes às comissões de empresários. É tentativa de dar maior transparência”, completa Motta.

A ideia da entidade é colocar as normas em prática em junho ou após a Copa do Mundo, que acaba em 15 de julho.

Há outras propostas, como a volta do registro FIFA para os agentes e o impedimento para que o empresário remunerado por algum serviço de assessoria possa ser comissionado pelo mesmo clube por compra ou venda de jogadores.

“Não havia empresários no grupo de estudos da FIFA. Constatou-se que as regras variavam de país para país. Havia onde era necessário apenas um seguro para ser agente, em outros lugares ainda era pedida prova de conhecimentos. Percebeu-se que o regulamento não atingiu seus objetivos”, afirma o advogado Pedro Zaithammer, da SV Sports.

Para o encontro, a FIFA chamou 25 agentes. As propostas foram rechaçadas por eles, mas a entidade não precisa de aprovação para mudar as regras de transferências.

A reportagem pediu informações à FIFA sobre as mudanças, mas não recebeu resposta até a noite desta sexta (18).

Por Alex Sabino – Folha

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