![hoje](https://genteamericana.wordpress.com/wp-content/uploads/2018/04/hoje66.jpg?w=676&h=377)
Diretor de direitos esportivos do Grupo Globo, Fernando Manuel Pinto tenta convencer Palmeiras, Atlético-PR e Bahia que acertaram com o Esporte Interativo em TV fechada a aceitarem as ofertas de transmissão em TV aberta e pay-per-view para as edições do Campeonato Brasileiro de 2019 a 2024.
Os três clubes são os únicos da Série A que ainda não fecharam acordo com a emissora.
“O modelo [de pay-per-view[ é justo. Os clubes são remunerados”, disse Fernando Manuel Pinto à reportagem. Os times ficam com 38% do arrecadado com a venda de pacotes a assinantes. Os outros 62% são da emissora e de operadoras.
A aplicação de reduções no valor pago aos clubes que fecharam com o Esporte Interativo foi um dos motivos para travar a negociação com o trio que ainda não fechou com a Globo. A emissora prevê diminuir em 20% (para TV aberta) e 5,2% (em PPV, por jogo) os novos contratos para quem assinou com a rival.
PERGUNTA – A Globo já chegou ao teto do que pode ser investido com os clubes?
FERNANDO MANUEL PINTO – Isso funciona como uma engrenagem. O tamanho de um negócio está ligado à capacidade também que você tem de transformar esse ativo, no caso os direitos ou propriedade esportivas, em receita. Tem uma variação e está sujeito a intempéries do gênero recessão, transformação da mídia…
P – A Globo já trabalha com a hipótese de não ter 100%”dos jogos a partir de 2019?
FMP – O novo modelo que foi implementado é uma negociação longa, clube a clube, mas que fundamentalmente leva todos esses contratos individuais para uma mecânica de distribuição de recursos, que é coletiva, similar a todos. A gente tem feitos esforços e logrado êxito. Tanto é que cinco clubes que comercializaram os direitos de TV fechada com um terceiro [Esporte Interativo], já acertaram com o Grupo Globo a venda dos direitos de TV aberta e pay-per-view.
P – Qual seria o impacto para a Globo não ter como transmitir um Palmeiras e Corinthians, por exemplo, no Campeonato Brasileiro de 2019 [sem o acerto com o clube alviverde, a emissora não poderia exibir a partida]?
FMP – O grupo está se estruturando para lidar como uma situação diferente da usual. Já passamos por isso em outras situações. Recentemente, o grupo deixou de ter a final do Campeonato Paranaense. Tem muita água para passar debaixo dessa ponte. Vamos seguir trabalhando.
P – No pay-per-view, só 38% do total arrecadado é destinado aos clubes do Brasileiro. Não é injusto?
FMP – O modelo é justo. Os clubes são remunerados pelo pay-per-view. Quando eles recebem um percentual da receita bruta do pay-per-view, que é o caso hoje, eles têm um acesso direto ao bolo de dinheiro que é produzido por essa engrenagem. No meu ponto de vista é um modelo justo, equilibrado.
P – Os outros 62% não são uma fatia muito grande para intermediários?
FMP – Novamente tem um aspecto aqui de compreensão do detalhamento. Todo mundo acha fácil fazer futebol. Talvez, todo mundo ache fácil montar um sistema de pay-per-view e operar. Se você buscar no mundo inteiro, são poucas as referências. Esse modelo que temos hoje não prejudica a exibição e remuneração dos clubes em TV aberta e TV fechada e ainda cria um modelo complementar que gera oferta de futebol plena e geração de receita adicional aos clubes.
P – Os clubes que não firmaram ainda os acordos estão em uma posição de vantagem?
FMP – A proposta pertence ao proponente. Quem vende, define como vende e quando vende. Quem quer comprar, só governa como comprar e como propor algum modelo. Essa pergunta é melhor dirigida a eles. Eles avaliam a questão de time a favor deles ou não.
P – A Globo tem uma estimativa de quantas assinaturas perderia caso não transmitisse 100% dos jogos?
FMP – Como nunca passamos por isso, temos que conhecer antes para opinar depois. Eu mantenho o esforço de convencimento desses clubes de como esse novo modelo nosso de TV aberta e de pay-per-view se encaixa nas necessidades e nos desejos e nos anseios desses clubes. Falta quase um ano para a temporada 2019. Então, vamos trabalhar.
P – Ao aplicar redutores [descontos no repasse de valores em contrato] para quem fechou acordo com o Esporte Interativo, a Globo não está agindo para impedir a concorrência no mercado?
FMP – É exatamente o oposto. Os redutores funcionam neste modelo igual àquela expressão de que na luta você deve se adaptar ao meio, se adaptar à circunstância que você está vivendo. Na realidade, o redutor torna a nossa proposta absolutamente compatível com a que o clube fechou com o terceiro [Esporte Interativo] em um contrato que desconheço. Esse redutor é potencial. Se o que gera a redução não se verificar na praça, como por exemplo a transmissão de jogos em TV fechada para o local, o redutor não será aplicado.
P – O caso de corrupção na Fifa mudou as formas de negociação no futebol?
FMP – Não tenho sequer ângulo para falar sobre antes. Posso falar do que experimentei. Lido com direitos de transmissão há 20 anos. Tenho dois anos e quatro meses dedicados ao futebol, mas sempre com uma abordagem muito profissional e transparente. E tenho tido um retorno positivo com os clubes, com a CBF e com o que está acontecendo neste momento na Conmebol, como o esforço da organização do calendário, de organização e de produto. Na minha leitura, transparência e discussão técnica profissional fazem bem ao negócio e é nisso que a gente se engaja. A Globo dá grande valor a práticas éticas e transparentes em suas contratações. Por isso revisa e aprimora periodicamente seu sistema de compliance, em linha com as melhores práticas internacionais, observando a legislação em vigor.
Por Diego Garcia – Folha
![galego novo dez 17](https://genteamericana.wordpress.com/wp-content/uploads/2018/04/galego-novo-dez-171.jpg?w=840)